O Partido Comunista – Vanguarda da Classe Operária
Por Josef Stálin
O
Partido tem que ser, antes de tudo, o destacamento de vanguarda da classe
operária. O Partido tem que incorporar em suas fileiras a todos os melhores
elementos da classe operária, assimilar sua experiência, seu espírito
revolucionário, sua abnegação sem limites pela causa do proletariado. Mas para
ser um verdadeiro destacamento de vanguarda, o Partido tem que estar aparelhado
com uma teoria revolucionária, com o conhecimento das leis do movimento, com o
conhecimento das leis da revolução. Sem isto, não terá forças bastantes para
dirigir a luta do proletariado, para conduzi-lo atrás de si. O Partido não pode
ser o verdadeiro Partido se se limita a registrar o que vive e o que pensa a massa
da classe operária, se marcha a reboque do movimento espontâneo desta, se não
sabe vencer a inércia e a indiferença política do movimento espontâneo, se não
é capaz de elevar-se acima dos interesses momentâneos do proletariado, se não
sabe elevar as massas ao nível dos interesses de classe do proletariado. O
Partido tem que marchar à frente da classe operária, tem que ver mais longe que
a classe operária, tem que conduzir atrás de si o proletariado e não marchar a
reboque da espontaneidade. Os partidos da Segunda Internacional, que pregam o
"seguidismo", são os portadores da política burguesa, que condena o
proletariado ao papel de um instrumento posto em mãos da burguesia. Só um
Partido que se coloque no ponto de vista de destacamento de vanguarda da classe
operária e seja capaz de elevar-se até o nível dos interesses de classe do
proletariado, só um Partido assim é capaz de afastar a classe operária do
caminho do "tradeunionismo" e fazer dela uma força política
independente. O Partido é o dirigente político da classe operária.
Falei
mais acima das dificuldades da luta da classe operária, da complexidade das
condições da luta, da estratégia e da tática, das reservas e das manobras, da
ofensiva e da retirada. Estas condições são tão complexas, se não mais, quanto
as condições da guerra. Quem pode se orientar nestas condições, quem pode dar
uma orientação acertada às massas de milhões de proletários? Nenhum exército em
guerra pode prescindir de um Estado Maior perito, se não quiser se ver
condenado à derrota. Acaso não é claro que tão pouco o proletariado, e com
maior razão, pode prescindir deste Estado maior, se não quiser ficar a mercê de
seus inimigos jurados? Mas, qual é seu Estado Maior? Não pode ser outro senão o
Partido revolucionário do proletariado. Sem um Partido revolucionário, a classe
operária é como um exército sem Estado Maior. O Partido é o Estado Maior de
combate do proletariado.
Mas,
o Partido não pode ser apenas um destacamento de vanguarda, tem que ser, ao
mesmo tempo, um destacamento da classe, uma parte da classe, intimamente ligada
a esta com todas as raízes na sua existência. A diferença entre o destacamento
de vanguarda e o resto da massa da classe operária, entre os membros do Partido
e os sem partido, não pode desaparecer enquanto não desaparecerem as classes,
enquanto o proletariado vir suas fileiras serem engrossadas com elementos
procedentes de outras classes, enquanto a classe operária em seu conjunto não
tiver a possibilidade de elevar-se até o nível do destacamento de vanguarda.
Mas o Partido deixaria de ser tal partido se esta diferença se convertesse em
uma ruptura, se se encerrasse em si mesmo e se afastasse das massas sem
partido. O Partido não pode dirigir a classe se não está ligado às massas sem
partido, se não existem laços de união entre o Partido e as massas sem partido,
se estas massas não aceitam sua direção, se o Partido não goza de crédito moral
e político entre as massas. Há algum tempo ingressaram em nosso Partido
duzentos mil novos filiados operários. O que há de notável aqui é o fato de que
estes operários, não só vieram por eles mesmos ao Partido, mas que foram
mandados a ele por todo o resto da massa sem partido, que tomou parte ativa na
admissão dos novos membros e sem cuja aprovação estes não teriam sido admitidos.
Este fato demonstra que as grandes massas de operários sem partido vêem em
nosso Partido o seu Partido, o Partido mais próximo e mais querido, em cujo
engrandecimento e fortalecimento se acham profundamente interessados e a cuja
direção confiam de bom grado a sua sorte. Desnecessário demonstrar que sem
esses fios imperceptíveis que unem nosso Partido com as massas sem partido, o
Partido não poderia converter-se na força decisiva de sua classe. O Partido é
uma parte inseparável da classe operária.
"Nós
— diz Lenin — somos partido de classe e por isso quase toda a classe (e em
tempo de guerra, em épocas de guerra civil, a classe em sua totalidade) tem que
atuar sob a direção de nosso Partido, deve ter com o nosso Partido o contacto
mais estreito possível; mas seria manilovismo[1] e
"seguidismo" acreditar que quase toda ou toda a classe pode estar
algum dia, sob o capitalismo, em condições de elevar-se ao grau de consciência
e de atividade de seu destacamento de vanguarda, de seu Partido socialista.
Nenhum socialista em juízo perfeito jamais pôs em dúvida que, sob o
capitalismo, nem mesmo a organização sindical (mais primitiva e mais acessível
ao grau de consciência das camadas menos desenvolvidas) está em condições de
abranger toda ou quase toda a classe operária. Esquecer a diferença que existe
entre o destacamento de vanguarda e toda a massa que marcha atrás dele,
esquecer o dever constante que tem o destacamento de vanguarda de elevar
camadas cada vez mais amplas a seu próprio nível avançado, não significa outra
coisa senão enganar-se a si próprio, fechar os olhos à imensidade de nossas
tarefas e amesquinhá-las". (Lenin, "Um Passo Adiante, Dois Passos
Atrás").
[1] "Manilovismo": placidez,
inatividade, imaginação ociosa. De Manilov, um dos personagens da novela de Gogol,
"Almas Mortas"
Fonte - Arquivo Marxista na Internet
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